Domingo 31

Evangelho: João 20, 19-23
Como o Pai me enviou, assim eu vos envio.

Com alegria celebramos como comunidade discipular a grande Solenidade de Pentecostes. Com ela encerramos o círculo litúrgico: cinqüenta dias após a Páscoa. Nela inauguramos o tempo do Espírito, o tempo da Igreja. Durante estes cinqüenta dias, em diferentes tons e com insistência pedagógica quase repetitiva, o evangelho de João e o livro dos Atos dos Apóstolos nos prepararam para viver com intensidade espiritual, pessoal e comunitária, este momento culminante de nossa fé.

“Pentecostes” é propriamente uma festa judaica. O autor do relato dos Atos utiliza cores fortes para expressar uma experiência profunda e transformadora, provocada pelo Espírito Santo no interior da comunidade discipular, escondida e medrosa, mas que aguardava e orava. Vento forte, línguas de fogo tornam perceptível a presença dinâmica e alentadora do Espírito. O sinal de que os discípulos tinham recebido o Espírito é que saem do “esconderijo”, vencem o medo e começam a anunciar a boa notícia do reino de Deus. Jesus era o grande profeta de todos os tempos. E esse espírito profético foi transmitido a seus discípulos, assim como o espírito de Elias foi comunicado a Eliseu. Por isso, todos os que os escutam ficam assombrados, porque sentem que algo extraordinário está acontecendo com aqueles personagens: a linguagem do reino alcança universalidade. Todos entendem do que se trata. Mas nem todos se convertem.

Paulo recorda aos Coríntios como é o Espírito que inspira o reconhecimento do reinado de Jesus. Mas também é o Espírito Santo quem suscita a diversidades de dons para a edificação do corpo de Cristo: a Igreja. Enfatiza que os dons do Espírito não são para proveito próprio, mas para benefício da comunidade dos fiéis. Deve-se recordar que os carismas e ministérios diversos não são produto do merecimento humano, mas generosidade trinitária. Todo dom autêntico tem sua origem na Trindade e é comunicado pelo Espírito para o crescimento de todos.

No evangelho de João é o próprio Jesus quem comunica o Espírito a seus discípulos. O evangelista põe especial atenção para descrever a situação dos discípulos: portas fechadas, medo, dúvida, paralisia interior, inércia exterior. A presença do Ressuscitado transforma o medo em prazer e alegria, devolve a paz aos corações atribulados e qualifica para transmitir esta experiência mediante o perdão e a reconciliação. O Espírito nos dá paz, comunhão, justiça, alegria, perdão, reconciliação e a luz para compreender a verdade.

Também nós podemos participar desta experiência se deixarmos que o Espírito de Jesus nos encha e nos impulsione a testemunhar a proximidade do reino com coragem e alegria.

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